Entenda a Responsabilidade pelo Chargeback no Varejo

Aquela notificação de chargeback chegou. O coração afunda um pouco, não é? Você fez a venda, enviou o produto e, de repente, o valor da compra pelo cliente é retirado da sua conta. A primeira pergunta que vem à mente é: quem arca com a responsabilidade pelo chargeback? A discussão sobre o tema é cheia de nuances, e muitas vezes o empreendedor se sente perdido e sozinho nessa situação.

Entender a responsabilidade pelo chargeback não é só sobre saber quem paga a conta. É sobre proteger seu negócio, compreender seus direitos e saber como agir para evitar que isso aconteça de novo. É uma parte fundamental da gestão de qualquer negócio online, e ignorar os riscos pode custar caro.

Vamos desvendar juntos como tudo isso funciona e o que você pode fazer a respeito. Ao dominar esse processo, você transforma uma fonte de estresse em uma área de controle do seu negócio.

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responsabilidade pelo chargeback

Table Of Contents:

O que Exatamente é um Chargeback?

Vamos direto ao ponto. Um chargeback não é um simples reembolso. Um reembolso é um acordo amigável entre você e seu cliente, ou seja, quando o reembolso é feito, há um consentimento mútuo.

O chargeback é diferente. Ele ocorre quando o cliente não fala com você. Ele vai direto ao banco emissor do cartão de crédito e contesta a cobrança. O chargeback pode ser entendido como um mecanismo de proteção ao consumidor criado pelas bandeiras de cartão como Visa e Mastercard, mas nada mais é do que o cancelamento de uma venda realizada online.

Basicamente, ele ocorre quando uma compra é contestada pelo titular do cartão por algum motivo. O banco, então, inicia um processo para reverter a transação, e o valor precisa ser devolvido imediatamente, sendo retirado da sua conta. Muitas pessoas se perguntam se chargeback é estorno, mas não se trata da mesma coisa, pois o estorno é iniciado pelo lojista.

Por Que os Chargebacks Acontecem?

Ninguém pede um chargeback por acaso. Geralmente, existe um motivo por trás, e entendê-lo é o primeiro passo para se proteger. As razões podem ser divididas em algumas categorias principais, e saber quais são ajuda a direcionar seus esforços de prevenção.

A fraude é um dos maiores vilões. Isso ocorre quando uma pessoa mal-intencionada usa um cartão de crédito roubado para fazer uma compra na sua loja. O verdadeiro titular do cartão vê a cobrança na fatura, não a reconhece e, com toda a razão, a compra é contestada pelo titular junto ao seu banco.

Outra razão comum é o desacordo comercial. Pode ser um erro seu, como uma cobrança duplicada, ou um problema com o produto. Em casos assim, o item pode não ter sido entregue, chegado danificado ou ser muito diferente do que foi descrito em seu site, levando à contestação da compra pelo comprador.

E, claro, existe a má-fé. Às vezes, o cliente está insatisfeito com a compra e, em vez de pedir um reembolso a você, ele corta o caminho e vai direto ao banco. É mais rápido para ele, mas uma dor de cabeça enorme para você.

A Responsabilidade Pelo Chargeback e Como se Defender

A verdade é que, inicialmente, a responsabilidade pelo chargeback quase sempre recai sobre o lojista. As operadoras de cartão priorizam a segurança do consumidor. Elas partem do princípio de que o cliente está certo até que se prove o contrário, transferindo os riscos da operação ao lojista.

Essa transferência de responsabilidade ao lojista é baseada na teoria do risco da atividade. Ou seja, quem lucra com a atividade comercial deve também arcar com os riscos inerentes a ela. No entanto, isso não significa que o lojista esteja desamparado, pois a boa notícia é que você tem o direito de se defender.

Esse processo de defesa é chamado de reapresentação ou disputa. É a sua chance de apresentar provas de que a contestação do cliente é inválida e que a venda foi legítima. Ignorar um chargeback é o mesmo que admitir a culpa, por isso é fundamental contestar e nunca deixar passar em branco.

Coletando as Provas Certas

A sua defesa precisa ser forte e baseada em evidências concretas. A palavra do cliente contra a sua não será suficiente. Você precisa de documentos que comprovem a validade da venda, como a nota fiscal e os comprovantes de entrega.

O tipo de prova depende do motivo do chargeback, mas algumas são universais. Manter registros detalhados de todas as transações, incluindo logs de acesso, dados de navegação e comunicações, vai te ajudar muito. Organizar essa documentação de forma eficiente é essencial para uma resposta ágil.

Aqui estão alguns exemplos do que você pode precisar para se defender:

  • Comprovante de entrega com assinatura ou código de rastreio que mostra o produto como “entregue”.
  • E-mails, logs de chat ou qualquer comunicação que você teve com o cliente sobre a compra.
  • Uma descrição clara do produto na página de venda para provar que o item corresponde ao anunciado.
  • Provas de que o cliente acessou ou usou o produto/serviço digital, como logs de IP ou registros de download.
  • Uma cópia dos seus termos de serviço e política de devolução que o cliente aceitou durante a compra.
  • A nota fiscal da venda, que formaliza a transação comercial.

Ter essas informações à mão facilita a montagem de um dossiê robusto para a disputa.

Responda Rapidamente

O tempo é um fator crítico na disputa de um chargeback. Os bancos e as operadoras de cartão impõem prazos rígidos para a reapresentação. Geralmente, você tem um período entre 7 a 45 dias após o recebimento da notificação para apresentar sua defesa, dependendo da bandeira e do banco.

Perder esse prazo significa perder a disputa automaticamente, sem chance de recurso. Por isso, é fundamental ter um processo interno para lidar com as notificações de chargeback em assim que elas chegam. Organize suas provas e envie a documentação o mais rápido possível.

Muitos gateways de pagamento oferecem painéis onde você pode gerenciar e responder a disputas diretamente, o que simplifica o processo. Fique de olho nessas ferramentas para não perder nenhuma data importante, pois a agilidade pode ser decisiva.

Conheça os Códigos de Motivo

Todo chargeback vem com um “código de motivo”. Esse código é um número que explica por que o cliente contestou a cobrança. Por exemplo, um código pode indicar “fraude” e outro pode significar “produto não recebido”.

Compreender esses códigos é vital. Eles te dão uma direção clara sobre que tipo de evidência você precisa para construir sua defesa. Entender os diferentes códigos de motivo te ajuda a montar uma contra-argumentação muito mais eficaz e direcionada.

Em vez de enviar um monte de documentos aleatórios, você pode focar exatamente no que o banco precisa para reverter a decisão. Se o motivo é “produto não entregue”, seu foco deve ser o comprovante de envio e entrega. Se for “desacordo comercial”, a descrição do produto e as comunicações com o cliente se tornam as provas principais.

Abaixo, uma tabela com alguns exemplos de códigos e como agir:

Código de Motivo (Exemplo) Descrição Como se Defender
Fraude – Transação Não Autorizada O titular do cartão alega que ele não autorizou a compra. Forneça provas de validação, como verificação de CVV, AVS, 3D Secure e correspondência de IP.
Mercadoria/Serviço Não Recebido O cliente afirma que não recebeu o produto ou serviço pago. Apresente o comprovante de entrega com assinatura, código de rastreio ou prova de download/acesso (para digitais).
Mercadoria Defeituosa/Diferente da Descrição O produto recebido está danificado ou não corresponde ao anunciado. Envie a descrição do produto, fotos da página de venda e qualquer comunicação com o cliente sobre o item.
Crédito Não Processado O cliente devolveu a mercadoria, mas alega não ter recebido o reembolso. Mostre o comprovante de que o reembolso foi processado ou evidências da sua política de devolução.

Tipos de Fraude e a Responsabilidade do Lojista

Fraude é uma palavra assustadora, e ela se manifesta de várias formas no mundo do e-commerce. Saber diferenciar os tipos de fraude te ajuda a entender melhor sua responsabilidade civil e como agir em cada caso. O lojista pode ser responsabilizado por diferentes tipos de contestação.

É importante estar ciente de que, mesmo com todas as precauções, a fraude zero é quase impossível. O objetivo é minimizá-la ao máximo e saber como responder quando ela acontece. O chargeback pode ser entendido como um reflexo direto dessa vulnerabilidade no sistema.

Fraude Efetiva (ou Clássica)

A fraude efetiva é o que a maioria das pessoas pensa quando ouve a palavra “fraude”. Um criminoso obtém os dados de um cartão de crédito roubado e os usa para fazer uma compra na sua loja. O verdadeiro dono do cartão, ou seja, o titular, não reconhece a transação e inicia o chargeback.

Nesse cenário, a responsabilidade pelo chargeback geralmente é do lojista. A lógica é que o comerciante deveria ter ferramentas para verificar a autenticidade da transação. O uso de tecnologias como o 3D Secure 2.0 pode, em muitos casos, transferir essa responsabilidade para o banco emissor, o que é uma grande proteção para o seu negócio.

Fraude Amiga (ou Autofraude)

Este tipo de fraude é particularmente frustrante. A fraude amiga acontece quando um cliente legítimo faz uma compra, recebe o produto e, de má-fé, alega que a transação não foi autorizada para obter os valores de volta. Essencialmente, eles querem o produto de graça, e a compra é contestada pelo titular de forma deliberada.

Aqui, a batalha é mais difícil, mas não impossível. Sua defesa dependerá da qualidade das provas que você coletou. Informações como o histórico de compras do cliente, correspondência de endereço IP com o endereço de entrega e comunicações pós-venda podem ajudar a provar que o próprio cliente fez a compra.

O Código Civil pode ser citado em disputas mais complexas, pois trata do enriquecimento ilícito. Provar que o cliente agiu de má-fé é o caminho para vencer a disputa. Cada documento e registro conta para construir um caso sólido.

Fraude de Reembolso

A fraude de reembolso é uma variação da fraude amiga. O cliente entra em contato com você, pede e recebe um reembolso. Logo depois, ele também contesta a compra com o banco para iniciar um chargeback, buscando receber o dinheiro em duplicidade.

Se você tem registros claros de que já emitiu o reembolso, sua defesa contra o chargeback será muito forte. Apresente ao banco a prova da devolução do dinheiro, como o comprovante da transação de reembolso, para resolver a disputa a seu favor. Uma comunicação clara de que o valor já foi estornado por meio do lojista costuma encerrar o caso rapidamente.

Como Prevenir Chargebacks e Reduzir a Responsabilidade

Disputar chargebacks é reativo. A melhor estratégia, no entanto, é ser proativo. Prevenir que os chargebacks aconteçam em primeiro lugar economiza tempo, dinheiro e muita dor de cabeça.

Adotar algumas boas práticas pode diminuir drasticamente seu índice de contestações. Aqui estão algumas ações que você pode tomar hoje mesmo.

  1. Tenha uma Comunicação Cristalina: Descrições de produto vagas e políticas de devolução escondidas são um convite para problemas. Seja ultra-específico sobre o que você vende. Use fotos de alta qualidade, detalhe as dimensões, materiais e tudo mais que for relevante. Sua política de devolução e troca deve estar visível e fácil de entender.
  2. Ofereça um Atendimento ao Cliente Excepcional: Muitas vezes, um chargeback é apenas um pedido de ajuda que deu errado. Se um cliente não consegue entrar em contato com você facilmente para resolver um problema, ele vai pular direto para o banco. Disponibilize múltiplos canais de contato (e-mail, telefone, chat) e responda rapidamente.
  3. Use um Descritor de Fatura Reconhecível: Já olhou para a sua fatura do cartão e viu uma cobrança de uma empresa com um nome que você não reconhece? Isso leva a chargebacks por engano. Certifique-se de que o nome que aparece na fatura do cliente seja o nome da sua loja ou algo muito próximo, junto com um número de telefone. A Mastercard oferece algumas boas práticas para comerciantes sobre isso.
  4. Invista em Ferramentas Antifraude: Não dependa apenas da sorte. Use as ferramentas disponíveis para proteger seu negócio. Peça sempre o código CVV (o número de três ou quatro dígitos no verso do cartão). Utilize o Sistema de Verificação de Endereço (AVS) para comparar o endereço de cobrança com o registrado no banco. E, como mencionado, implemente o 3D Secure, que adiciona uma camada extra de autenticação.
  5. Acompanhe Todos os Envios: Para produtos físicos, o rastreamento não é opcional. Sempre use um serviço de entrega que forneça um número de rastreio e exija uma confirmação de entrega. Para itens de alto valor, considere solicitar uma assinatura. Ter a prova de que o pacote chegou ao seu destino é uma das suas melhores armas contra um chargeback por “produto não recebido”.

Nenhuma dessas medidas é uma bala de prata. Mas, juntas, elas formam uma defesa robusta que torna seu negócio um alvo muito menos atraente para fraudadores e reduz disputas por mal-entendidos. A responsabilidade objetiva do lojista exige essa diligência.

Conclusão

Lidar com a responsabilidade pelo chargeback pode parecer uma batalha difícil, mas é uma batalha que você pode vencer. A chave é entender que, embora a responsabilidade inicial recaia sobre você, o lojista, você não está indefeso. O sistema oferece o direito de disputa, e usá-lo com sabedoria é crucial para proteger seu faturamento.

Mais importante ainda é a prevenção. Uma estratégia proativa, focada em comunicação transparente, atendimento ao cliente de primeira e o uso de ferramentas de segurança, é sua linha de frente na guerra contra os chargebacks. Assumir o controle dos processos internos é o melhor caminho para mitigar os riscos da atividade.

Ao focar em criar uma experiência de compra segura e clara para seus clientes, você naturalmente diminui a probabilidade de enfrentar problemas com a responsabilidade pelo chargeback. Lembre-se que cada venda realizada com sucesso e sem contestação é uma vitória para a saúde financeira do seu e-commerce.

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