Seu Plano de Saúde Cobre Mentoplastia? Advogado Explica!

Você se olha no espelho e sente que algo no seu rosto não está em harmonia. Talvez o queixo pareça um pouco recuado ou proeminente demais, afetando não apenas sua autoestima, mas quem sabe, até sua respiração durante a noite. Então, surge a grande pergunta: se eu decidir fazer uma cirurgia no queixo, o plano de saúde cobre mentoplastia?

Essa é uma dúvida muito comum e que gera bastante ansiedade, porque mexe com a nossa saúde e também com o nosso bolso. Muitos acreditam que, por ser considerada uma cirurgia plástica, a resposta é sempre um categórico não. Mas a verdade sobre cirurgia e sua cobertura é um pouco mais detalhada e depende de um fator crucial.

A questão sobre se o seu plano de saúde cobre mentoplastia não é um simples sim ou não. Existe uma linha que separa os procedimentos estéticos dos funcionais, e é exatamente nessa linha que a sua operadora de saúde vai se basear. Você precisa entender essa diferença para saber como funciona seu processo e lutar pelos seus direitos.

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Entendendo a Mentoplastia: Muito Além da Estética

Quando falamos em mentoplastia, a maioria das pessoas pensa imediatamente em uma mudança para deixar o rosto mais bonito. E, sim, muitas vezes esse é o objetivo principal para melhorar sua aparência. Mas essa cirurgia vai muito além da estética, sendo um procedimento para resolver questões funcionais.

A mentoplastia é o procedimento cirúrgico feito para remodelar o queixo, podendo significar aumentar, diminuir ou reposicionar o mento. Essa mudança pode corrigir um queixo muito para trás ou para frente, que parece desproporcional ao restante do rosto. Sendo assim, o resultado esperado é uma melhora na harmonia facial.

O queixo, contudo, não tem apenas uma função estética; ele é parte fundamental da estrutura da sua mandíbula. Um queixo mal posicionado, especialmente um queixo mais para trás (retrognatismo), pode causar problemas sérios. Esse posicionamento pode levar a dificuldades na mastigação, problemas de oclusão dentária e, mais importante, pode obstruir as vias aéreas, causando ronco e apneia obstrutiva do sono.

Tipos de Mentoplastia e Quando São Indicadas

A mentoplastia não é um procedimento único; existem variações que podem ser realizadas para atender diferentes necessidades. A escolha do tipo de cirurgia indicada para o seu caso depende da avaliação de um cirurgião bucomaxilofacial. Esse procedimento pode ser feito para corrigir tanto questões estéticas quanto funcionais.

A cirurgia pode ser feita por diferentes técnicas. A mentoplastia de aumento é frequentemente realizada com o uso de implantes de silicone ou outros materiais biocompatíveis, ou com o avanço do próprio osso do queixo. Já a mentoplastia de redução é um pouco mais complexa e envolve o lixamento ou a remoção de uma parte do osso para diminuir a projeção do queixo.

Existe também a genioplastia deslizante, um tipo de mentoplastia que pode ser feita por um especialista para avançar ou recuar o queixo. Nela, o cirurgião corta o osso do mento e o reposiciona, fixando-o com placas e parafusos de titânio. Esse procedimento é muito versátil e pode corrigir assimetrias, além de aumentar ou diminuir a altura do queixo.

Afinal, o Plano de Saúde Cobre Mentoplastia?

Agora vamos ao ponto principal: a cobertura da mentoplastia pelo plano de saúde. A resposta depende totalmente da razão pela qual você precisa dela. A regra geral, estabelecida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), é que os planos de saúde não são obrigados a cobrir procedimentos com finalidade puramente estética.

Isso significa que, se o único motivo para cirurgia for sua insatisfação com a aparência do seu queixo, o plano provavelmente negará a cobertura. No entanto, a história muda completamente se a sua mentoplastia for classificada como reparadora ou funcional. É importante saber que a ANS determina que a cobertura é obrigatória para restaurar funções comprometidas do corpo, e é aqui que seu direito se manifesta.

Procedimentos que visam corrigir deformidades congênitas ou adquiridas, ou tratar doenças e suas complicações, têm cobertura obrigatória por lei. A saúde funcional do seu corpo sempre vem em primeiro lugar, e sua operadora de saúde não pode ignorar isso. Em todos os casos, a justificativa médica é o que define se o plano de saúde cobre cirurgia ou não.

A Diferença Crucial: Mentoplastia Estética vs. Funcional

Entender essa diferença é seu maior trunfo ao solicitar a cobertura. Uma cirurgia pode ter elementos dos dois tipos, mas o que vai definir a obrigação do plano é a necessidade funcional. Vamos ver em detalhes o que separa uma da outra para que não restem dúvidas.

A mentoplastia estética busca a harmonia e o equilíbrio facial. Nesses casos, o paciente procura o médico porque não gosta do seu perfil ou acha que o queixo é muito pequeno ou grande. Não existe um problema de saúde associado, apenas um desejo pessoal de mudança.

Já a mentoplastia funcional, ou reparadora, é indicada por um médico para resolver um problema de saúde. O foco não é a beleza, mas sim a recuperação da função. Por exemplo, se um queixo retraído está causando apneia do sono, avançar o queixo cirurgicamente pode abrir as vias aéreas e melhorar significativamente sua qualidade de vida.

Para facilitar sua visualização, criamos uma tabela simples que resume as diferenças.

Característica Mentoplastia Estética Mentoplastia Reparadora (Funcional)
Objetivo Principal Melhorar a harmonia e a proporção do rosto. Corrigir um problema de saúde ou de função.
Indicação Desejo pessoal do paciente por razões de aparência. Indicação médica clara para tratar uma condição de saúde.
Exemplos de Motivo Queixo considerado “fraco” ou muito proeminente. Apneia do sono, dificuldades de mastigação, dor na articulação.
Cobertura do Plano Geralmente não é coberta. Deve ser coberta por lei quando há indicação médica.

Muitas vezes, uma cirurgia funcional também resulta em uma melhora estética. No entanto, para o plano de saúde, o que importa é a razão médica que tornou o procedimento necessário. Esse é o ponto que precisa ser provado para garantir que o plano de saúde cobre o procedimento.

Como Comprovar a Necessidade Funcional da Cirurgia?

Se você está convencido de que sua mentoplastia é funcional, o próximo passo é reunir as provas. O plano de saúde não vai acreditar apenas na sua palavra; você precisa de uma documentação médica sólida e indiscutível. O ideal é ter tudo sobre cirurgia bem documentado para fortalecer seu pedido.

O Laudo Médico Detalhado é sua Peça Chave

Este é o documento mais importante de todos. Você precisa pedir ao seu médico, que é o profissional qualificado, um laudo completo e muito bem detalhado. Um simples bilhete dizendo “paciente precisa de cirurgia” não tem valor algum para a operadora.

O laudo ideal precisa conter algumas informações essenciais. Primeiro, o diagnóstico claro da sua condição, incluindo o código da Classificação Internacional de Doenças (CID). Segundo, uma descrição minuciosa do seu problema, explicando como a posição do seu queixo causa o problema funcional.

Por fim, o laudo deve justificar por que a mentoplastia é o tratamento indicado e como ela vai resolver ou aliviar sua condição. É importante que o documento mostre que outras alternativas não cirúrgicas não são eficazes para o seu quadro.

Exames Complementares que Fortalecem seu Caso

Além do laudo, exames são fundamentais para provar sua condição. Eles são a evidência material de que seu problema é real e funcional, mostrando por dentro o que está acontecendo. Sem eles, o laudo do médico pode ser considerado apenas uma opinião.

Para casos de apneia do sono, o exame padrão-ouro é a polissonografia. Ele mede sua atividade cerebral, respiração e níveis de oxigênio durante o sono, mostrando os episódios de apneia. Outros exames importantes são as radiografias e tomografias computadorizadas da face, que mostram a estrutura óssea e ajudam a visualizar a obstrução das vias aéreas.

Os resultados desses exames devem ser anexados ao pedido de autorização. Eles servem como prova concreta e visual da sua necessidade, tornando mais difícil para o plano de saúde negar a cobertura com base em falta de evidências.

Mentoplastia e a Cirurgia Ortognática

É fundamental entender que a mentoplastia muitas vezes está associada a outras cirurgias, como a cirurgia ortognática. A cirurgia ortognática é um procedimento maior, que reposiciona a maxila, a mandíbula ou ambos. Em muitos dos pacientes, a deformidade não está apenas no queixo, mas em toda a estrutura da mandíbula.

Nesses casos, a mentoplastia pode ser realizada como um complemento da cirurgia ortognática para alcançar um resultado funcional e estético ideal. Se a cirurgia ortognática é indicada para corrigir uma deformidade funcional severa, e a mentoplastia faz parte do plano de tratamento, ambas devem ser cobertas pelo plano.

A cobertura para cirurgia ortognática já é mais consolidada judicialmente quando há indicação funcional. Portanto, se o seu caso envolve as duas cirurgias, a argumentação para a cobertura de todo o tratamento se torna ainda mais forte.

O Que Fazer com a Negativa do Plano de Saúde

Você reuniu todos os laudos e exames, enviou tudo para o plano de saúde e, alguns dias depois, recebeu um “não”. Não se desespere; este passo é esperado em muitos casos. O mais importante agora é exigir que o plano forneça essa negativa por escrito.

A empresa é obrigada por lei a fazer isso, informando o motivo da recusa de forma clara. Esse documento é uma prova crucial de que você tentou a via administrativa. Nunca aceite uma negativa por telefone; sempre peça por e-mail ou carta.

Ter a negativa formalizada é essencial para os próximos passos, seja uma reclamação na ANS ou uma ação judicial. Esse documento prova que a operadora se recusou a cumprir com sua obrigação, mesmo diante das evidências apresentadas.

O Plano de Saúde Negou a Cobertura. E Agora?

Com a negativa formal em mãos, seu caminho para conseguir a cirurgia apenas começou. Você tem opções claras e eficazes para reverter essa decisão. A lei está do seu lado se a sua causa for justa e bem documentada.

Primeiramente, você pode fazer uma reclamação formal na própria ANS. A agência regula as operadoras e pode mediar o conflito através de uma Notificação de Intermediação Preliminar (NIP) no site da agência. Às vezes, a simples intervenção da ANS já resolve o problema, pois as operadoras não querem ser multadas.

Se a reclamação na ANS não funcionar ou se o seu caso for urgente, o caminho mais eficaz é buscar a via judicial. Com o laudo médico, os exames e a negativa por escrito, um advogado especialista em direito da saúde pode entrar com uma ação. Nesses casos, é comum pedir uma liminar para que o plano seja obrigado a autorizar o procedimento rapidamente, sendo que a liminar geralmente é concedida em poucos dias.

A Justiça tem Entendido a Necessidade Funcional

Felizmente, os tribunais brasileiros têm mostrado um entendimento favorável aos pacientes. Existem diversas decisões judiciais que obrigaram planos de saúde a cobrir cirurgias ortognáticas e mentoplastias funcionais. O entendimento é que o procedimento para corrigir uma patologia não pode ser considerado estético.

A Justiça entende que, quando um procedimento é necessário para tratar uma doença, ele não pode ser negado, mesmo que também traga benefícios para a aparência do paciente. O que prevalece é o direito à saúde e à qualidade de vida. Em muitos casos julgados, a prova da apneia do sono por meio da polissonografia foi o fator decisivo para garantir a cobertura.

Conclusão

Saber se o seu plano de saúde cobre mentoplastia exige mais do que uma simples leitura do seu contrato. A cobertura depende inteiramente da razão médica por trás da sua necessidade cirúrgica. Se o seu caso for puramente estético, a cobertura é improvável, pois os planos não são obrigados a arcar com procedimentos para fins de aparência.

Mas se a mentoplastia é a solução para um problema funcional, como apneia do sono, dificuldades de mastigação ou dores, a cobertura é um direito seu. O segredo para o sucesso está na documentação. Um laudo médico robusto e exames comprobatórios são suas melhores ferramentas para passar por esse processo.

Lembre-se, uma negativa do plano de saúde não é o fim da linha; é apenas um passo para você lutar pelo seu direito à saúde. Informar-se e reunir as provas corretas é o caminho para garantir que você receba o tratamento de que precisa. Com a documentação certa, você pode contestar a decisão e buscar a autorização para sua cirurgia.

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