Se você ou alguém que você ama recebeu o diagnóstico de uma doença grave, é provável que tenha ouvido muitos termos médicos novos. Um desses pode ter sido antiangiogênico; um nome que pode soar complicado. Compreender o que é um tratamento antiangiogênico é o primeiro passo para se sentir mais no controle e conhecer seus direitos.
Você não está sozinho nessa jornada, pois muitas pessoas se sentem perdidas com o vocabulário médico e a burocracia dos planos de saúde. Neste artigo, vamos explicar de forma simples o que é a terapia antiangiogênica e como ela funciona. Mais importante, vamos detalhar o que você precisa saber para lutar pelo seu direito ao tratamento pelo plano .
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Table Of Contents:
- O Que Significa ‘Antiangiogênico’ na Prática?
- Como Funciona o Tratamento Antiangiogênico?
- Doenças Tratadas com Terapia Antiangiogênica
- Quais São os Principais Medicamentos Antiangiogênicos?
- O Que Esperar do Tratamento: Efeitos Colaterais Comuns
- O Plano de Saúde é Obrigado a Cobrir o Tratamento Antiangiogênico?
- Como Agir se o seu Plano de Saúde Negar a Cobertura?
- Conclusão
O Que Significa ‘Antiangiogênico’ na Prática?
Vamos quebrar essa palavra para ficar mais fácil de entender. “Angiogênese” é o processo natural do corpo para criar novos vasos sanguíneos. Isso é fundamental e saudável, por exemplo, para a cicatrização de uma ferida ou durante o desenvolvimento embrionário.
No entanto, algumas condições de saúde, como o câncer, utilizam esse mesmo processo para se desenvolver e espalhar. Um tumor precisa de nutrientes e oxigênio para crescer, e ele consegue isso ao estimular a formação de sua própria rede de vasos sanguíneos. Sem esses novos vasos, o tumor não consegue se expandir, o que torna o crescimento vascular um ponto fraco a ser explorado.
A terapia antiangiogênica faz exatamente o que o nome sugere: ela é “anti” angiogênese. Os medicamentos antiangiogênicos agem para impedir a formação desses novos vasos sanguíneos que alimentam as células doentes. Sem esse suprimento, o tumor para de crescer ou pode até mesmo diminuir de tamanho, sendo um tratamento eficaz para diversos casos.
Como Funciona o Tratamento Antiangiogênico?
Imagine que para construir esses novos vasos sanguíneos, o corpo precisa de um sinalizador. Essa função é exercida principalmente por uma proteína chamada Fator de Crescimento Endotelial Vascular, ou VEGF. O VEGF envia o comando para que a formação de novos vasos se inicie.
Os medicamentos antiangiogênicos funcionam como um bloqueador para esse sinalizador. Eles se ligam à proteína VEGF ou aos seus receptores nas células, impedindo que a mensagem de crescimento seja entregue. Com o sinal bloqueado, a construção dos vasos sanguíneos é interrompida, e o tumor fica sem os recursos necessários para se expandir.
Essa abordagem é uma forma inteligente de combater a doença. Em vez de atacar diretamente as células doentes, como na quimioterapia, o tratamento antiangiogênico foca na estrutura que permite que a doença prospere. Por isso, ele frequentemente é combinado com outras terapias para um resultado mais robusto e eficaz.
Doenças Tratadas com Terapia Antiangiogênica
Este tipo de tratamento ocular e oncológico se mostrou eficaz para várias condições, não se limitando ao câncer. Saber para quais doenças ele pode ser indicado ajuda a entender melhor a recomendação do seu médico. Algumas das condições mais comuns estão listadas abaixo.
Câncer
Esta foi a primeira área em que os medicamentos antiangiogênicos mostraram grande valor, pois tumores sólidos dependem de um fornecimento de sangue. Cortar esse fornecimento é uma estratégia poderosa que pode ser indicada para diversos tipos de câncer. Alguns dos mais comuns incluem câncer de cólon, reto, pulmão, rim e ovário.
Também são uma opção importante para tumores cerebrais, como o glioblastoma. É importante saber que esta terapia geralmente não é usada sozinha; os antiangiogênicos estão frequentemente associados a outros tratamentos. Eles podem aumentar a eficácia da quimioterapia ou radioterapia, ajudando a obter melhores resultados para os pacientes.
Doenças Oculares
Muitos se surpreendem ao saber que a mesma lógica se aplica a doenças dos olhos que afetam os vasos da retina. Problemas de visão graves podem ser causados pelo crescimento anormal de vasos sanguíneos frágeis, que afetam os vasos da retina, a parte do fundo do olho responsável pela visão. Nesses casos, os antiangiogênicos são fundamentais para preservar a capacidade de enxergar.
Uma das principais doenças tratadas dessa forma é a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) na sua forma úmida, uma condição muito comum em pessoas com mais de 50 anos. Nessa doença, novos vasos sanguíneos anormais crescem sob a retina, vazam fluido e causam uma perda rápida e severa da visão central. Os medicamentos antiangiogênicos, aplicados com injeções diretamente no olho, podem interromper esse processo e estabilizar a visão.
Outras condições que afetam os vasos da retina, como o edema macular diabético e a retinopatia diabética, também são tratadas com essa abordagem. Nestes casos, o diabetes descontrolado causa o crescimento de vasos problemáticos na retina. O tratamento para essas condições ajuda a preservar a visão de milhões de pessoas.
Quais São os Principais Medicamentos Antiangiogênicos?
Existem vários medicamentos aprovados que funcionam dessa maneira. Seu médico escolherá o mais adequado para seu caso, considerando o tipo de doença, o estágio e suas condições gerais de saúde. Conhecer alguns nomes pode te ajudar a identificar o tratamento indicado para você.
Esses medicamentos são de alto custo e, por isso, a cobertura pelo plano de saúde é essencial . Eles são medicamentos sofisticados, geralmente produzidos por biotecnologia. Por exemplo, alguns são anticorpos monoclonais que visam especificamente a proteína VEGF.
Abaixo, listamos alguns dos principais medicamentos antiangiogênicos, seus alvos e usos mais comuns.
| Nome do Medicamento (Princípio Ativo) | Como Funciona (Alvo Principal) | Uso Comum |
|---|---|---|
| Bevacizumabe (Avastin®) | Bloqueia a proteína VEGF. | Câncer de cólon, pulmão, rim, ovário e cérebro; uso off-label para doenças oculares. |
| Ranibizumabe (Lucentis®) | Fragmento que bloqueia o VEGF. | Degeneração macular relacionada à idade (DMRI), edema macular diabético. |
| Aflibercepte (Eylea®) | Age como uma “armadilha” para o VEGF. | Degeneração macular relacionada à idade (DMRI), edema macular diabético. |
| Sorafenibe (Nexavar®) | Bloqueia o VEGF e outras proteínas. | Câncer de rim e fígado. |
| Sunitinibe (Sutent®) | Inibe vários alvos, incluindo receptores de VEGF. | Câncer de rim e tumores gastrointestinais (GIST). |
Esta não é uma lista completa, mas inclui alguns dos medicamentos mais conhecidos e prescritos. É fundamental seguir a recomendação médica sobre qual deles usar, pois o profissional de saúde é quem pode avaliar os critérios clínicos para que ele seja o mais eficaz.
O Que Esperar do Tratamento: Efeitos Colaterais Comuns
Toda terapia eficaz pode ter efeitos colaterais, e com os antiangiogênicos não é diferente. Como eles afetam a formação de vasos sanguíneos em todo o corpo, e não apenas na área doente, alguns efeitos adversos podem aparecer. No entanto, é importante lembrar que a intensidade e a ocorrência variam muito entre os pacientes.
Saber o que esperar pode te deixar mais tranquilo, pois a equipe médica já está preparada para gerenciar essas reações. A comunicação aberta sobre qualquer sintoma é crucial durante todo o tratamento. Não hesite em relatar qualquer coisa nova ou diferente que você sentir.
Alguns dos efeitos mais comuns são:
- Pressão alta (hipertensão), pois os vasos sanguíneos de todo o corpo podem se contrair.
- Fadiga e sensação de fraqueza, que é um efeito comum em muitas terapias contra o câncer.
- Cicatrização mais lenta de feridas, já que a formação de novos vasos é parte do processo de cura.
- Pequenos sangramentos, como no nariz, ou um risco aumentado de coágulos sanguíneos.
- Problemas gastrointestinais, como diarreia, dor de estômago ou perda de apetite.
- Em casos mais raros, pode haver perfuração no estômago ou intestino, um efeito colateral grave que exige atenção médica imediata.
Sua equipe de saúde irá monitorar você de perto para identificar e tratar qualquer um desses problemas. Exames de sangue regulares e medições da pressão arterial fazem parte do acompanhamento padrão. É importante seguir todas as recomendações médicas para garantir a segurança e eficácia do tratamento.
O Plano de Saúde é Obrigado a Cobrir o Tratamento Antiangiogênico?
Esta é, talvez, a pergunta mais importante para muitos pacientes. A resposta curta é: sim, na grande maioria dos casos, o plano de saúde deve cobrir o tratamento . Infelizmente, as negativas de cobertura são comuns, mas isso não significa que a decisão da operadora está correta.
A lei brasileira, por meio da Lei 9.656/98, determina que todo tratamento para doenças listadas na Classificação Internacional de Doenças (CID) deve ser coberto, desde que o medicamento tenha registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Todos os medicamentos antiangiogênicos mencionados têm esse registro, portanto, a cobertura é obrigatória quando há indicação médica .
Muitas vezes, os planos de saúde utilizam desculpas para negar o tratamento, e uma das mais comuns é a ausência do procedimento no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No entanto, o Judiciário brasileiro tem um entendimento consolidado de que o rol da ANS é exemplificativo. Isso significa que ele representa apenas a cobertura mínima obrigatória, não limitando os direitos dos pacientes a terapias mais modernas e eficazes, desde que a indicação do médico seja justificada.
Outra desculpa frequente é o chamado “uso off-label”. Isso ocorre quando um médico prescreve um remédio para uma finalidade diferente da que consta na bula principal. Um grande exemplo é o Avastin®, que é aprovado pela ANVISA para câncer mas é muito utilizado com sucesso para o tratamento de doenças da retina, como a macular relacionada à idade.
Mesmo nesses casos, se há evidência científica robusta que comprove a eficácia do tratamento, a recusa do plano de saúde é abusiva. O médico, baseado em ciência e na condição do paciente, tem a autonomia para prescrever o melhor tratamento disponível. A recusa para tratamento off-label é frequentemente revertida na Justiça.
Os critérios do plano não podem se sobrepor à indicação médica. Portanto, se o seu tratamento foi negado, saiba que é possível lutar por seus direitos.
Se você tiver qualquer dúvida específica sobre seu caso ou precisar de ajuda, lembre-se que a Berardini Sociedade de Advogados está aqui . Somos especialistas emDireito do Consumidor, Planos de Saúde e Direito Médico . Nossa equipe está pronta para conversar e tirar suas dúvidas , auxiliando uma pessoa como você, que utiliza planos de saúde ou é paciente e enfrentou alguma injustiça.
Como Agir se o seu Plano de Saúde Negar a Cobertura?
Receber uma negativa do plano pode ser extremamente frustrante, especialmente em um momento de fragilidade. No entanto, existem passos práticos que você pode tomar para reverter a situação e garantir o acesso ao tratamento para degeneração macular relacionada à idade ou outra condição.
A negativa de um tratamento de alto custo, quando há prescrição médica, é considerada uma prática abusiva. Não desista do seu direito. Siga os passos abaixo para garantir a cobertura pelo plano.
- Peça a Negativa por Escrito. O plano de saúde não pode simplesmente negar por telefone. Eles são obrigados por lei a entregar um documento claro e detalhado, explicando o motivo da recusa. Este documento é a prova fundamental para qualquer ação futura.
- Reúna a Documentação Médica. Converse com seu médico e peça um relatório clínico completo. Este laudo deve explicar seu diagnóstico, por que o tratamento antiangiogênico é o mais indicado para você, os riscos de não realizar a terapia e, se possível, mencionar estudos que comprovem a eficácia do medicamento para o seu caso.
- Busque Ajuda Jurídica Especializada. Com a negativa e o relatório médico em mãos, procurar um advogado especialista em direito da saúde é o próximo passo. Este profissional saberá analisar os detalhes do seu caso, incluindo os procedimentos da ANS, e se os critérios do plano são válidos. Se a negativa for indevida, ele poderá entrar com uma ação judicial.
Em muitos casos, é possível obter o tratamento rapidamente por meio de um pedido de liminar. A liminar é uma decisão judicial provisória e urgente que obriga o plano a fornecer o medicamento ou o tratamento imediatamente. Para obter uma liminar, a urgência e a probabilidade do direito devem ser bem demonstradas, o que torna o relatório médico detalhado ainda mais importante. Aqui na Berardini somos especialistas em conseguir liminares rápidas, pois entendemos a urgência do caso.
Conclusão
Entender um termo médico como antiangiogênico já não parece tão difícil, certo? Saber que essa terapia atua cortando o suprimento de sangue que alimenta doenças como o câncer e certas condições oculares dá uma nova perspectiva sobre a luta pela saúde. É uma abordagem moderna que representa esperança para muitos pacientes.
Mais importante ainda é saber que você tem direitos. Se o seu médico indicou um tratamento antiangiogênico, seja para degeneração macular relacionada à idade ou outra enfermidade, a cobertura pelo plano de saúde é uma obrigação na maioria das vezes. Uma negativa não deve ser vista como o fim da linha.
Conhecer seus direitos e os passos para defendê-los coloca o poder de volta nas suas mãos. Se você estiver enfrentando essa dificuldade, informe-se, reúna seus documentos e não hesite em procurar ajuda especializada para garantir o acesso ao melhor tratamento disponível para você.
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